Livro é o resultado de uma tentativa de sistematização das perspectivas de análise dos principais mentores do capital social nas ciências sociais.
Veja, a seguir, uma entrevista com a autora acerca da obra.
Quem é Sílvio Salej Higgins?(formação, atuação profissional) Pesquisador na área da sociologia econômica, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC. Iniciou como docente universitário na “Pontificia Universidad Javeriana” em Bogotá (Colômbia), na área da antropologia filosófica. Trabalhou por cinco anos como consultor do PNUD junto ao “Programa de Desarrollo y Paz del Magdalena Médio” (Colômbia) na área de metodologia para a participação cidadã.
De onde surgiu o tema do livro? A temática surgiu da experiência no projeto de Desenvolvimento Regional, onde os dados dos recursos financeiros provinham de um crédito do Banco Mundial ao Governo da Colômbia, tínhamos que interagir com os officials do Banco. Estes aos poucos foram impondo seu próprio jargão do qual o capital social era peça essencial. Porém, o mais intrigante era escutar a recepção das lideranças comunitárias frente ao discurso metodológico. Havia muitas suspeitas dentro de uma cultura política radical: [...]. “O capital social é como acreditar que a raposa vai cuidar das galinhas” e assim por diante, se escutavam as reações das lideranças camponesas. Fiquei muito intrigado, pois o sentir geral era que o Estado colombiano estava desenhando novas estratégias para que o protesto social fosse dirigido contra intermediários que executavam suas políticas assistenciais. Mas ao mesmo tempo não dava para desconhecer a estratégia inovadora do Programa de Desarrollo y Paz no difícil contexto da guerra civil de baixa intensidade que vive a Colômbia.
De que trata o livro? O livro é o resultado de uma tentativa de sistematização das perspectivas de análise dos principais mentores do capital social nas ciências sociais. Esta é a nossa pesquisa no nível de mestrado. Outros já fizeram avaliações bibliográficas sobre os usos e perspectivas do conceito, mas quero ir um passo além, apresentando as raízes do conceito na tradição do pensamento político moderno e na socioeconomia. Desta forma, fazemos nossa modesta contribuição à recepção analítica desse programa de pesquisa chamado “capital social” no contexto brasileiro. Trata-se de uma meta teoria, de uma reconstrução de marcos categoriais que restituem a sociabilidade como o novo antídoto contra os excessos do mercantilismo vigente. Essa é também a limitação deste trabalho: é a primeira parte de uma obra que deve ser completada com uma compilação, também analítica, das formas como tem sido operacionalizado o conceito do capital social em pesquisas de referência internacional. Critica-se o excesso de ensaísmo nas Ciências Sociais brasileiras, mas também não devemos fazer concessões a um positivismo fácil e irreflexivo.
Para quem a obra se destina? É um texto para um público especializado. Espero que seja uma ferramenta de debate na sala de aula, um material de apoio para docentes e discentes nas áreas das Ciências Econômicas e Sociais. O capital social é um terreno de fronteira que demanda aproximações transdisciplinares. Penso que o livro reúne as vantagens de um manual, pois faz compilações exaustivas e ao mesmo tempo levanta questões pertinentes para uma avaliação crítica. Além do campus universitário, poderá ser um material de consulta para os chamados “tomadores de decisões” no campo do desenvolvimento social.
Que convite o livro faz ao leitor? Não peço indulgências. Invoco no leitor a atitude do pensar por conta própria o que há de pertinente ou impertinente nesta análise. Quero fazer meu o espírito do místico que pedia perseguições, não por masoquismo, mas sim pela convicção de que a crítica é a nossa tábua de náufragos no mar das incertezas.
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