Confira a entrevista com o organizador, em que ele fala sobre o processo de organização do livro e sobre o reconhecimento concedido a sua obra. 1. Prof. Roberto, seu mais recente livro, o premiado “Do mito das Musas à razão das Letras”, certamente requisitou um vasto trabalho de pesquisa para recuperar os diversos textos que compõem a obra. Gostaríamos que falasse um pouco deste trabalho de resgate desses textos de reflexão sobre a literatura, bem como a respeito do processo de tradução de alguns deles, que sequer possuíam uma versão em português ou jamais haviam sido traduzidos para línguas modernas.A seleção dos textos obedeceu mais a critérios de representatividade do que de qualidade conceitual ou literária. Representatividade das diversas épocas e das tradições linguístico-literárias do Ocidente mais destacadas no período coberto (século VIII a.C. - século XVIII), isto é, a clássica - grega e latina - e, entre as das nações modernas, as tradições italiana, provençal, catalã, espanhola, portuguesa, francesa, inglesa e alemã. Mas, naturalmente, muitas vezes a representatividade se sobrepõe à qualidade, de modo que a seleção contempla diversos textos estimáveis, tanto pela fatura literária quanto pelo vigor conceitual. 2. Ainda sobre esta mesma obra, para o senhor, o que representa este reconhecimento da Academia Brasileira de Letras? O senhor acredita que premiações como essa contribuem para dar ainda mais projeção aos livros?O prêmio com que a Academia Brasileira de Letras distinguiu o livro, para mim completamente inesperado, me deixou - claro - muito feliz, por partir de instituição de importância histórica e cultural tão amplamente reconhecidas. 3. O livro traz preciosidades da reflexão sobre a literatura escritas por Dante, Platão, Antônio Vieira, Adam Smith, dentre outros, abarcando mais de vinte séculos de história da escrita literária. Desses textos, quais aqueles que o senhor considera seminais para a história dos estudos das práticas literárias?Na verdade, se por “textos seminais” entendermos aqueles que constituem sementes para a reflexão, por sua capacidade de provocação e estímulo ao pensamento, não faria destaques, pois todos os textos selecionados, a meu ver, são potencialmente seminais. Assim, ao lado de culminâncias intelectuais amplamente reconhecidas, como, entre muitas outras integrantes do livro, as passagens de Platão, Aristóteles, Longino, Dante, etc., etc., figuram contribuições de alcance mais restrito, mas todas de algum modo representativas das diversas ramificações que conheceu a reflexão sobre as letras no extenso período duas vezes milenar coberto pela rede de textos selecionados. |