Postado em 13 de Junho de 2019 às 16h23

Gilberto de Castro

Voz do Autor (36)

Esta semana convidamos Gilberto de Castro para falarmos sobre a sua obra “Discurso citado e memória: ensaio bakhtiniano sobre Infância e São Bernardo”. Veja, a seguir, a entrevista com o autor acerca da obra.

Quais são suas áreas de atuação profissional?
Sou linguista de formação e me especializei em educação linguística e também trabalho com teorias sociais de linguagem, envolvendo discussões sobre questões teóricas de literatura e de linguagem.

Quais foram seus objetivos ao criar este livro?
O livro é resultado de uma pesquisa de doutorado em linguística que defendi em 2001 na USP e, após 12 anos, a transformei em livro, alterando várias partes, exceto a análise. O objetivo principal do livro é o de apresentar o tema do discurso citado, que é fundamental para os teóricos do Círculo de Bakhtin, pois grande parte da comunicação diária de qualquer ser humano se fundamenta na recepção, divulgação e citação do que outras pessoas dizem, seja através da fala, seja através da escrita. Para mostrar como funciona o discurso citado, fiz um ensaio analítico a partir de Infância e São Bernardo, romances do escritor Graciliano Ramos.

Você já produziu outros trabalhos com essa temática ou afins?
Sim, já escrevi alguns artigos sobre o tema em revistas acadêmicas e também alguns capítulos de livros em que, ao falar sobre as obras do Círculo de Bakhtin, toco na importância do tema do discurso citado, infelizmente um assunto pouco abordado pelas pesquisas linguísticas e literárias fora e dentro do Brasil.

Qual a contribuição que o livro traz para os leitores e para a complexa sociedade em que vivemos?
O entendimento das ações humanas se beneficia muito dos estudos da linguagem, pois tudo o que fazemos acaba sendo registrado por algum tipo de signo, sobretudo os signos verbais, já que somos o único animal no mundo capaz de falar e escrever. Como o discurso citado é central na dinâmica sociorrelacional, o seu estudo é revelador de nossas atitudes, características e preferências verbais, costumes, etc., contribuindo para uma compreensão maior do relacionamento humano. É por isso que os autores do Círculo de Bakhtin fazem referência a possibilidade de uma certa “hermenêutica”, ou seja, de uma compreensão/interpretação maior do nosso cotidiano a partir do discurso citado.

Quais foram os motivos que levaram você a estudar sobre o assunto?
Creio que a minha curiosidade e interesse pelas questões humanas, relacionais. E quando tive a oportunidade de conhecer o trabalho dos teóricos do Círculo de Bakhtin, esse desejo foi potencializado e percebi a possibilidade de realizá- lo. Daí, primeiro saiu a tese de doutorado e depois este livro, que gostei muito de fazer e publicar.

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