Uma pedagogia para a qual o processo de conhecimento (aprendizagem) implica um movimento da consciência no sentido de ir e vir à realidade. O que indica a concepção de ser humano como sujeito concreto cuja feitura, para usar uma expressão de Freire, se tece na relação homem-mundo. Trata-se, portanto, de um sujeito ativo cuja atividade cognitiva traduz-se em instrumento de apropriação, compreensão e interação com a realidade. A psicologia histórico-cultural preconiza a compreensão do funcionamento psicológico tipicamente humano como produto de relações sociais, ou seja, o humano é condição que não se herda biologicamente, mas se constitui no processo de apropriação que o indivíduo concreto, historicamente situado, realiza, dos artefatos materiais e simbólicos presentes na cultura. Por isso, tem a educação escolar como instrumento central para o processo de humanização na medida em que se compreende a prática pedagógica como espaço fundamental de mediação simbólica, de interações e de ações pedagógicas deliberadas, intencionais, voltadas para um fim que, em última instância, constitui-se no desenvolvimento de funções psicológicas tipicamente humanas. Assim, essa abordagem carrega em si instrumentos teóricos fundamentais para a compreensão do ser humano como sujeito sócio-histórico, e se essa leitura ou concepção responde as demandas centrais da pedagogia freireana, coloca-se o desafio de estabelecer comparações entre os conceitos centrais de tais teorias e verificar as possibilidades de diálogo efetivo entre ambas, tendo sempre em vista a qualificação da práxis pedagógica. |