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VOZ DO AUTOR

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  • 25/09/2020 André Cechinel e Rafael Rodrigo Mueller
    Esta semana convidamos André Cechinel e Rafael Rodrigo Mueller para falarmos sobre a sua obra Formação humana na sociedade do espetáculo. Veja, a seguir, a entrevista...
    Esta semana convidamos André Cechinel e Rafael Rodrigo Mueller para falarmos sobre a sua obra Formação humana na sociedade do espetáculo. Veja, a seguir, a entrevista com os organizadores acerca da obra. 1. Quais são suas áreas de atuação? Nos últimos anos, temos buscado discutir a relação entre a ideia de Educação ou formação humana e aquilo que Guy Debord chamou, em 1967, de “sociedade do espetáculo”, as características fundamentais por ele apontadas apenas se acentuaram no presente. Nossas reflexões sobre Educação voltam-se, de modo geral, para as atualizações do espetáculo no âmbito educacional hoje. 2. Vocês já produziram outros trabalhos com esta temática ou afins? Temos artigos produzidos e publicados em parceria que tratam de uma concepção de formação humana que se relaciona, em termos críticos, com aquela que tratamos em nosso capítulo na presente obra. Seguem eles: CECHINEL, A.; MUELLER, R. R. Reflexões sobre a câmara mirim e o brinquedo improfanável. Perspectiva, Florianópolis, v. 35, n. 4, p. 1182-1195, out./dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-795X.2017v35n4p1182. MUELLER, R. R.; CECHINEL, A. A privatização da educação brasileira e a BNCC do Ensino Médio: parceria para as competências socioemocionais. Educação, Santa Maria, v. 45, p. 1-22, jan./dez. 2020. DOI: https://doi.org/10.5902/1984644435680. Gostaríamos de ressaltar, também, o livro que traduzimos em 2016 sobre a obra do pedagogo italiano Lorenzo Milani, que introduz uma perspectiva crítica e não competitiva para a Educação: Lorenzo Milani, a escola de Barbiana e a luta por justiça social, de P. Mayo, F. Batini e A. Surian (Edufsc; Ediunesc). 3. Partindo para o processo criativo do livro, quais metodologias foram utilizadas para elaboração da obra? O livro é fruto de nossas reflexões feitas a partir da disciplina “Formação humana na Sociedade do Espetáculo”, que ofertamos no PPGE/UNESC, assim como das leituras e debates realizados junto ao nosso grupo de pesquisa “Núcleo de Estudos sobre Formação Humana (FORMA)”. O desejo foi desde o princípio discutir os impasses resultantes do embate entre um conceito forte de educação e o contexto de crescente espetacularização dos próprios espaços formativos. 4. Em relação aos seus objetivos organizando o livro, como vocês esperam que os leitores recebam a obra? Esperamos fomentar a reflexão crítica acerca da relação entre Educação e Formação Humana, algo que não se manifesta inteiramente no âmbito das Ciências Humanas, tampouco na própria área da Educação. 5. O que vocês consideram como sua contribuição à área? Certamente seria a possibilidade de aprofundar o debate sobre a pertinência do movimento de maio de 1968, em termos políticos e sociais, para a compreensão do atual momento, além da relevância da obra Sociedade do espetáculo após 50 anos de seu lançamento. 6. Quais foram as maiores dificuldades que vocês enfrentaram nesta área de campo de pesquisa? Autores e pesquisadores dispostos a discutir o conceito de “sociedade do espetáculo” enquanto uma chave de interpretação da realidade contemporânea sem incorrer em uma percepção limitada de que tal fenômeno se restringe somente à lógica midiática, à mera midiatização das relações sociais. 7. Para vocês, qual o verdadeiro propósito da formação humana e como podemos desenvolvê-la para além do processo político e formativo que enfrentamos atualmente? O conceito de formação humana que defendemos não se limita ao processo formal de educação e escolarização, mas vincula-se a uma formação profunda nas dimensões científica, artística, filosófica e técnica, ou seja, a uma imersão mais ampla na produção cultural humana. Tal condição, na dimensão situacionista a qual Debord se vincula, se daria por uma vivência intensa de seu cotidiano – as ruas, a cidade, o espaço geográfico – e pela recusa da vida orientada pelo fetichismo da mercadoria característico do capitalismo contemporâneo. Nesse sentido, categorias como deriva e détournement, centrais no movimento situacionista, são imprescindíveis tanto para a crítica radical da educação enquanto mercadoria – dimensão na realidade “deformativa” da educação – quanto para a afirmação de uma formação na qual o ser humano de fato seja o centro de tal processo.
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  • 04/09/2020 Mario Chagas
    Esta semana convidamos Mario Chagas para falarmos sobre a obra “Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mário de Andrade”. Veja, a seguir,...
    Esta semana convidamos Mario Chagas para falarmos sobre a obra “Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mário de Andrade”. Veja, a seguir, a entrevista com o autor acerca da obra. Quais são suas áreas de atuação profissional?Antes de ser museólogo eu sou poeta. É como poeta que habito o mundo e me habito. Depois de ser museólogo sou cientista social. Como poeta, coloco sentido na vida, como cientista social, busco compreender o sentido da vida. Tenho vivo interesse e atuação profissional nas seguintes áreas: poesia, museologia e ciências sociais. Interesso-me pela museologia em sua perspectiva interdisciplinar e muito viva; nesses termos, interesso-me pelo diálogo com a antropologia, a sociologia, a ciência política, a história e a educação. A dimensão poética da minha produção científica leva-me para o campo das artes.   Quais foram seus objetivos ao criar o livro, e como você espera que os leitores captem a essência dele?Trabalhei com múltiplos objetivos. Nesse momento, eu gostaria de destacar três: 1. examinar o pensamento de um poeta modernista de grande envergadura e verificar como ele dialoga com o campo dos museus e da museologia; 2. perceber o lugar dos museus no modernismo brasileiro; 3. compreender as articulações entre museus, patrimônios, artes e movimento modernista. No livro “Há uma gota de sangue em cada museu” não há uma essência a ser captada. Há sugestão, inspiração, processo. Espero que o livro produza inspiração, interesse por novas pesquisas, interesse e afeto pelos museus, deslumbramento. É isso. Todo livro deveria ter alguma capacidade de deslumbrar, mas isso não depende apenas do autor, depende também do leitor. Síntese: espero que os leitores do livro que escrevi tenham capacidade de se deslumbrar com a vida. Você já produziu outros trabalhos com essa temática ou afins?Sim. O livro “Há uma gota de sangue em cada museu: a ótica museológica de Mário de Andrade” foi resultado de uma pesquisa de mestrado. No doutorado aprofundei o assunto e escrevi uma tese com o seguinte título: “A Imaginação Museal: museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro”. Essa tese foi publicada pelo Ibram, em primeira edição, com baixíssima circulação. Eu gostaria muito de publicá-la com a Editora Argos. No momento estou aplicado na produção de artigo de fôlego sobre a Imaginação Museal de Heloísa Alberto Torres, Nise da Silveira e Berta Lutz. Qual a contribuição que o livro faz para a museologia brasileira?Essa é uma pergunta difícil. Dificilmente eu conseguiria responde-la sem ser cabotino. De qualquer modo, penso que o livro contribuiu para a introdução na museologia brasileira de algumas novas questões, especialmente no que se refere às relações entre poética e museu, bem como entre museologia e pensamento social brasileiro. A tese citada no item anterior quis aprofundar esse debate. No mais, penso que é necessário ouvir os leitores, eles é que hão de avaliar a importância e indicar as contribuições desse pequeno livro.  Como começou sua paixão pelas memórias, de onde surgiu o seu interesse pela museologia?A memória da infância me habita. A memória é uma chave para a poesia. Não consigo identificar como começou em mim a paixão pelas memórias, ainda que eu possa dizer que antes da adolescência a poesia nasceu em mim, um tanto canhestra, um tanto capenga, um tanto caolha. A museologia nasceu em mim depois, como um anjo torto índio e negro, convivendo com anjos loiros, de nariz aquilino e olhos azuis. O meu interesse na museologia nasceu por oposição. Fiz com bom resultado na Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca um curso de Máquinas e Motores. Trabalhei na Fábrica Nacional de Motores (FNM) e essa experiência foi decisiva. Foi nesse tempo que decidi que eu não queria ser um técnico. E foi nesse tempo que descobri o Curso de Museologia, onde imaginei aprender arqueologia. As primeiras aulas de arqueologia foram decisivas para que eu me dedicasse a uma museologia conectada com a vida.
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  • 28/08/2020 Rodrigo Duarte
    Esta semana convidamos Rodrigo Duarte para falarmos sobre a sua obra “Dizer o que não se deixa dizer: para uma filosofia da expressão”. Veja, a seguir, a entrevista com o...
    Esta semana convidamos Rodrigo Duarte para falarmos sobre a sua obra “Dizer o que não se deixa dizer: para uma filosofia da expressão”. Veja, a seguir, a entrevista com o autor acerca da obra.  Quais são suas áreas de atuação profissional?Especialmente, estética/filosofia da arte, filosofia social, filosofia da cultura Quais foram seus objetivos ao criar o livro, e como você espera que os leitores captem a essência dele?O meu interesse pelo tema da expressão, do ponto de vista da filosofia, já vinha da segunda metade da década de 1990 e, com o passar dos anos eu dispunha de uma coleção de ensaios sobre esse tema, abordando-o de diferentes perspectivas e com enfoques diversos - a maioria deles já publicados em revistas acadêmicas ou em coletâneas. Desse modo, o livro surgiu a partir de uma retomada, revisão e adaptação desse material, com o objetivo de oferecer ao leitor uma abordagem prévia do que chamo “filosofia da expressão”.  Você já produziu outros trabalhos com essa temática ou afins? Em certo sentido, sim, pois se se considera que o ponto de vista predominante no livro é influenciado pela Teoria Crítica da Sociedade, pode-se identifica-lo facilmente com o restante de minha produção intelectual, que versa sobre autores dessa orientação, principalmente Theodor Adorno. Qual a contribuição que o livro traz para as pessoas e para a complexa sociedade em que vivemos? Uma das ideias norteadoras do livro é a contraposição entre comunicação e expressão, sendo que a primeira tem uma conexão direta com a cultura de massas e a segunda diz respeito mais às artes e a um tipo de filosofia que critica de modo contundente a manipulação das pessoas por aquilo que Adorno e Horkheimer chamaram de indústria cultural. Essa, sob o pretexto de oferecer entretenimento de fácil acesso às fatias mais amplas da população, tem sido responsável por uma erosão da democracia, não apenas no Brasil, mas em todo mundo. Nesse sentido, me parece ser uma contribuição válida chamar a atenção do maior número possível de pessoas para essa manipulação, de modo a, na pior das hipóteses, mantê-la sob o controle das instituições que preservam o Estado Democrático de Direito.  Qual é a história por trás do título do livro “Dizer o que não se deixa dizer”? A inspiração para esse título veio de uma passagem da Dialética negativa, de Theodor Adorno, segundo a qual, “a despeito de Wittgenstein, seria preciso dizer o que não pode ser dito”, o que contrapõe à famosa proposição 7 do Tractatus Logico-Philosophicus a ideia de que uma das principais tarefas da filosofia seria transgredir interditos de tipo lógico, como o proposto pelo filósofo austríaco, em benefício de um pensamento dialético, capaz de criticar e, tanto quanto possível, reverter os momentos mais obscurantistas do que Adorno chamou de “mundo administrado”. 
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