Postado em 24 de Junho de 2016 às 16h24

Márcio Seligmann-Silva

Voz do Autor (36)
Obra, que reúne 14 ensaios, tem como alvo a nova reflexão sobre o signo diante do desafio histórico das catástrofes acumuladas ao longo do século XX e que, ao que tudo indica, continuarão a se repetir no século XXI. Também reflete sobre o estremecimento de nossas tradicionais concepções de signo diante da revolução nas mídias que aprofundaram os abalos gerados pelas vanguardas artísticas no início do século XX.

Veja, a seguir, uma entrevista com o organizador acerca da obra.

Quem é Márcio Seligmann-Silva? (formação, atuação profissional)
Sou doutor pela Universidade Livre de Berlim, pós-doutor por Yale e professor de Teoria Literária na UNICAMP. Publiquei “Ler o livro do mundo. Walter Benjamin: romantismo e crítica poética” (Iluminuras/FAPESP, 1999), “Adorno” (PubliFolha, 2003) e “O local da diferença” (Editora 34, 2005); organizei os volumes “Leituras de Walter Benjamin” (Annablume/FAPESP, 1999) e “História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes” (UNICAMP, 2003). Traduzi obras de Walter Benjamin (“O conceito de crítica de arte no romantismo alemão, Iluminuras, 1993), de G.E. Lessing (Laocoonte. Ou sobre as fronteiras da poesia e da pintura, Iluminuras/Secretaria de Estado da Cultura, 1998), de Philippe Lacoue-Labarthe, Jean-Luc Nancy, J. Habermas, entre outros. A partir de um estudo cultural da memória, tenho realizado pesquisas no campo da teoria e história da tradução que também enfocam a passagem entre os códigos verbais e os imagéticos, a relação entre as palavras e as imagens. Nos últimos anos estudei a arte e a literatura contemporâneas na sua relação com os eventos históricos catastróficos, com o terror de Estado, e no contexto da construção de um novo design do humano na era da biorrevolução científica e política.

De onde surgiu o tema do livro?
Esta obra reúne os trabalhos apresentados no evento “Palavra e imagem, memória e escritura”, que eu organizei no Departamento de Teoria Literária IEL-UNICAMP em novembro de 2002. O tema é parte de um amplo estudo que venho realizando sobre a representação do terror e os limites (éticos e estéticos) desta modalidade de representação.

Como se deu a escolha dos autores e dos artigos?
Os autores todos tinham familiaridade com a temática geral já haviam trabalhado ou com a questão da memória e sua relação com as artes e a literatura, ou com a relação entre as próprias artes, um dos temas do evento.

De que trata o livro?
O volume “Palavra e imagem, memória e escritura” reúne 14 ensaios. A proposta do evento “Palavra e imagem, memória e escritura” era transdisciplinar e partia de questões atuais das assim chamadas “ciências humanas” de um modo geral. Os textos aí reunidos têm como alvo a nova reflexão sobre o signo diante do desafio histórico das catástrofes acumuladas ao longo do século XX e que, ao que tudo indica, continuarão a se repetir no século XXI. Eles também refletem sobre o estremecimento de nossas tradicionais concepções de signo diante da revolução nas mídias que aprofundaram os abalos gerados pelas vanguardas artísticas no início do século XX. Consideramos que mais do que nunca se impõe uma reflexão sobre as relações entre as palavras e as imagens, a memória (do mal) e a sua escritura.

Qual o contribuição que o livro traz para a complexidade dos nossos desafios intelectuais e estéticos atuais?
Ele propõe novos temas e novas abordagens. A ênfase na problematização da representação é algo que se tornou central diante da revolução das mídias. Além disso, nossa realidade marcada por uma onipresença da violência, pela exclusão e por novos desafios impostos pela globalização também exigem dos intelectuais uma reflexão consistente sobre a relação entre o real e as artes. Conceitos tradicionais, como engajamento, não são mais suficientes para se pensar a relação entre o histórico e as artes.

Que convite o livro faz ao leitor?
O livro convida o leitor a lançar um olhar mais crítico sobre as artes e a literatura. Partindo da ideia de Benjamin, para quem “Todo documento de cultura é também um documento da barbárie”, os autores do livro refletem sobre a violência que está na origem de toda produção cultural.

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